Perder peso depois da gravidez é importante e desejado. Desde que não fique à frente da amamentação e dos cuidados com o bebê.
Nesses tempos modernos, a ditadura do corpo magro e sexy tem vencido a batalha contra o bom senso, a ponto de um número cada vez maior de mulheres priorizarem perder peso e voltar à silhueta de uma não mãe. A pressa exagerada para emagrecer e apagar a imagem de gestante tem sido detectada em consultórios médicos de norte a sul do país e por outros profissionais que acompanham a gravidez e os primeiros meses pós-parto. Essa cobrança parte, na maioria das vezes, das próprias mulheres, que percebem de maneira distorcida que estão perdendo um “capital” precioso com os quilos remanescentes da gestação: um corpo magro. “A maior motivação é responder à cobrança social de desfilar em forma. Ter um corpo magro e sexy, no Brasil, é considerado um capital. Muitas fazem loucuras em busca dele. Não pensam na saúde, e sim na forma física”, explica Mirian Goldenberg, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora de vários livros sobre comportamento humano.
Bebê x balança
“Nunca o bebê vai precisar mais da mãe do que nesses primeiros meses. Seu foco principal deve ser este: cuidar da criança que gerou. Depois, ela terá todo o tempo do mundo para encarar uma dieta mais restritiva, se for o caso. O bebê deve ser a prioridade, e não a balança!”, fala Glaucia. A professora de yoga e fundadora do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda em São Paulo, Márcia de Luca, vai mais longe. Para ela, todo o stress que a mulher enfrenta por causa dessa cobrança vai desequilibrá-la e tornar ainda mais lento o processo de perda de medidas. Márcia sugere que as mães rompam com esse padrão autoimposto. “A gestação não leva somente nove meses, continua após o parto. A mãe deve se preocupar em amar e acalentar esse bebê para que a transição do útero para a vida fora da barriga seja suave. A criança deve se sentir amada, amparada, protegida. A mãe deve se dedicar muito mais a ela do que em recuperar a forma física a jato.”
Não há estudos conclusivos, mas uma das premissas com as quais os profissionais de saúde têm trabalhado é a de que a cobrança excessiva para recuperar o corpo magro pode contribuir para aumentar o número de mulheres que apresentam depressão pós-parto.
“Hoje, uma em cada dez mães tem depressão pós-parto. E a necessidade exagerada de perder peso rapidamente pode contribuir para criar ou complicar esse quadro”, afirma Mario Galletta, professor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP.
Ele diz perceber em seu consultório cada vez mais gestantes que, antes mesmo do parto, já se mostram aflitas para perder peso. “Não estou dizendo que a mulher não deve querer ficar bonita. Mas, se nem o bebê tira o foco desse objetivo, algo está errado.”
A primeira vítima de dietas e séries de exercícios muito puxadas no pós-parto é o bebê. “Adotar cargas exageradas e rotinas desgastantes é o primeiro passo para que o leite seque. Algo extremamente arriscado, pois o bebê poderá perder a fonte de alimento mais importante nessa fase da vida. A alimentação da mãe deve ser rica e variada, para que esse leite seja o mais forte possível. Algum excesso de peso corporal é a garantia de haver leite materno, que é composto basicamente de proteína e gordura. Não sabemos ainda como essas dietas exageradas afetam a qualidade do leite e o desenvolvimento da criança. Vale arriscar prejudicar seu próprio filho?”
“Tenho uma concepção bem diferente da que o mundo está ‘domesticado’ a acreditar sobre o parto e o pós-parto”, diz Márcia de Luca. “A gestação é um momento sagrado na vida da mulher. A mulher deve procurar se interiorizar, ficar quieta, repousar, meditar o máximo que puder. É importante que ela saiba que pode dar ao bebê um começo mágico no útero para que ele tenha uma vida encantada enquanto adulto.”
Dieta saudável
Uma mãe recente pode comer sem medo 2.000 calorias por dia (cerca de mil já vão embora na amamentação). Ficar longe de frituras, carnes gordas, chocolate ao leite, álcool e doces evita cólica no bebê e ajuda a eliminar aos poucos o peso. “Faça seis refeições. o café da manhã pode incluir uma fonte de carboidrato integral, como pão integral, e uma proteína, peito de peru ou mesmo ovo mexido”, diz Vanderli. Entre o café da manhã e o almoço, vai bem suco de fruta com uma colher da semente mexicana chia. O almoço deve ser farto, com arroz, feijão (ou lentilha), carne magra e legumes e vegetais sempre. o lanche da tarde pode ter pão integral com geleia ou mel e um iogurte (ajuda na digestão). Uma sopa bem completa, com macarrão, legumes e uma salada, vai garantir que o organismo se mantenha em funcionamento estável à noite. Uma barrinha de cereal antes de dormir... e, pronto, a mãe está preparada para encarar as mamadas noturnas. não corte nenhum tipo de nutriente. Carboidratos calibram o humor, ajudando a combater a depressão pós-parto.
Com informações do Portal Bebê.
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